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No princípio era só uma vibe. Quando Diogo Carvalho, João Tristany e Nuno Trigueiros forjaram um coletivo, o que tinham em mente era estimular a criatividade e paixão que sempre partilharam por fazer arte. Foi assim que nasceu “a” Unidigrazz, numa tarde preguiçosa em Mem-Martins, um projecto que deve menos a uma necessidade e mais a uma determinação em manterem-se activos e curiosos, independentemente de onde isso os levasse.
Corria 2018 e não era a primeira vez que estes três manos emprestavam skills a uma turma de artistas. Uns anos antes, quando ainda estudavam na Secundária de Mem-Martins, também eles fizeram parte do movimento AWAKE (AWK), que à época absorveu uma juventude de artistas emergentes a transbordar de ideias e ambições. Nesse movimento feito de pessoal da linha de Sintra (LS), para além do Diogo e do Nuno, incluíam-se Sepher AWK ou Marco Boto; ou seja, músicos, fotógrafos, realizadores, ilustradores, pintores, muralistas e graffiti writers; talentos que, sem o saber, impulsionaram uma nova vanguarda artística na LS.
Ainda que tenha sobrevivido apenas um breve período, o AWK semeou uma energia criadora que muito contribuiu para o aparecimento da Unidigrazz, que tal como aquele movimento, é hoje formada por pessoal multidisciplinar: Diogo Carvalho (24 anos, videógrafo, fotógrafo, ilustrador, pintor), Nuno Trigueiros aka Onun Trigueiros (24 anos, ilustrador, pintor, fotógrafo), João Tristany (26 anos, músico), Bruno Teixeira aka Sepher AWK (24 anos, ilustrador, pintor, graffiti writer) e Rapeppa Bedju Tempu (ilustrador e membro mistério do grupo).
Mas se no início havia um certo hedonismo a nortear a Unidigrazz, essa filosofia viria a dissolver-se ao longo dos últimos dois anos. Neste período, a consistente produção artística deste pessoal permitiu vincar uma imagem e estilo muito próprios que não passaram despercebidos aos circuitos de artes urbanas. O mesmo é dizer que este coletivo é hoje assunto sério na cultura street, mais ainda por estes dias com a participação na mostra de artes urbanas “Linha Imaginária” que decorre até ao início de 2022 no Museu das Artes de Sintra (MU.SA). Para primeiro evento artístico em nome coletivo, a estreia não podia ser mais auspiciosa.
Para além da Unidigrazz, a exposição conta com um conjunto de artistas da LS e outros bairros ocultos de Lisboa que por defeito são excluídos das programações culturais deste género de espaços. O momento é especial e na tarde amena de Novembro em que nos reunimos à conversa, o orgulho da crew nesta oportunidade é indisfarçável.
Fotografias por Pedro Assis
UNIDIGRAZZ, 2023
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