Newsletter

Kintal

O coletivo Unidigrazz propõs fazer uma alternativa de ‘Kintal’ , onde o ponto principal e simbólico a ser celebrado é o estendal. “No kintal ,se brinca, se vive, se resiste. De resistência se veste o digra, se protege e respira. O estendal serve pra pendurar, mostrar e reflectir. Do ser que existe sem ser visto, vestido de amor e de alma”. Unidigrazz achou muito importante haver esta ligação no espaço do MuCEM, por ser o museu das culturas mediterrânicas, e nada mais mediterrânico que a atitude de ter um espaço onde se estende a roupa secada pelo sol que é tão particular nestes espaços. A relação do espaço com a roupa, nos lugares onde estas manifestações existenciais e culturais acontecem, é outra abordagem que se questiona neste espaço pois é do maiores motivos de nos sentirmos de onde somos, daí a relação iminente entre o espaço do ‘Kintal’ e a roupa estendida. Na noticia do Público que colocamos em anexo, e também anexamos algumas fotografias com o nome dos autores nas respetivas pastas, "O festival português assentou arte, música, bandeiras e um estendal num dos mais importantes museus franceses, o MuCEM. Um fim-de-semana de cultura urbana portuguesa, debruçado sobre o Mediterrâneo. No MuCEM (Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo), inaugurado em 2013, e hoje um dos museus mais visitados da Europa (https://www.publico.pt/2013/06/04/culturaipsilon/noticia/marselha-vai- ter-um-grande-museu-do-mediterraneo-1596417). Uma descontracção sedutora envolve o espaço, sem prejuízo da carga institucional. Já no interior do museu – um projecto arquitectónico ambicioso, mistura de memória e modernidade, com três espaços distribuídos por 44 mil metros quadrados de frente para o Mediterrâneo –, quando se passa da frente mais contemporânea para o Forte São João, do século XII, avista-se da ponte pedonal um enorme estendal de roupa. Em seu redor, um grupo de visitantes franceses tira fotos e vai produzindo comentários sobre as camisolas, os edredões e os panos ali dispostos. “É algo de Portugal, mas podia ser perfeitamente daqui de Marselha, porque também aqui se avistam muitos estendais, apesar de terem outras referências”, exclama Emma Dubois, apontando para camisolas com nomes de jogadores de futebol. Dizemos-lhe que é uma peça (Kintal) do colectivo de artistas Unidigrazz, de Mem Martins, linha de Sintra, e ela vai ler com interesse a informação disponibilizada mesmo em frente. Festival Iminente esteve no MuCEM com um programa de arte pública, instalações e música, ocupando diversos espaços exteriores do gigante espaço museológico. O contexto é a Temporada Cruzada Portugal-França 2022 (https://www.publico.pt/2022/02/12/culturaipsilon/reportagem/sol- francoportugues-abriu-temporada-cruzada-presidente-marcelo-aproveitou- bronzear-1995249). O mesmo pensaram os Unidigrazz (Diogo Gazella Carvalho, OnunTrigueiros, Rappepa Bedju Tempu e Sepher AWK), colectivo artístico com ligações ao cantor- poeta Tristany (https://www.publico.pt/2020/10/01/culturaipsilon/noticia/nao-ha- poesia-tristany-1933355). “Esta é uma cidade mediterrânica, virada para o exterior, com vida de rua, e a zona de Lisboa também tem isso”, reflecte Sepher. “A ideia do estendal interessou-nos porque traduz até certo ponto a identidade das pessoas, o que usam, como se expõem, a sua ligação com o espaço.” No caso concreto da peça Kintal, o processo foi simultaneamente pessoal e colaborativo: “Cada um de nós escolheu as suas camisolas e peças, pintámos dois panos e chegámos a este conjunto.” A escolha do lugar não foi inocente. Para Sul avistam-se os barcos que chegam do Mediterrâneo. Para Norte, o aglomerado urbano da cidade. “Há aqui uma ideia de quintal. O descampado, as ervas, a cidade em fundo, o mar, toda essa envolvência nos interessou”, acrescenta Diogo.


Ano:

2022

Ficha técnica:

2022 – IMINENTE MARSELHA

Projeto: ‘Kintal’

data: 20 a 21 de Maio

autor: Unidigrazz

Kintal

Têxtil sobre estructura de metal e técnica mista

7 x 1.74m

O quintal é onde brincamos, vivemos e resistimos. O digra está vestido de resistência, protegido e a respirar. O varal é para pendurar, mostrar e refletir. O ser que existe sem ser visto, vestido de amor e alma. É apresentado um Kintal alternativo (pátio), onde o ponto principal e simbólico a ser celebrado é o varal. Retrata uma estrutura ou lugar, geralmente feito de corda, onde a roupa é pendurada a secar. Figurativamente, simboliza: ostentação, exposição e confusão de objetos espalhados separadamente. Esta intervenção materializa-se através de cordas, roupas, cavilhas, provenientes de um circuito intencional que visa criar um caminho unidirecional para que as pessoas possam relacionar-se com o espaço íntimo que é gerado.

Local:

MuCEM - Musée des Civilisations de l'Europe et de la Méditerranée
marseille 5
marseille 4
marseille 3
marseille 2
marseille 1